Quem são suas influências profissionais? Temos certeza de que muitas, certo? Mas você já parou para pensar em quantas delas são pessoas negras?
É a partir desse questionamento que convidamos Carla Moraes e Kuntuala Oliveira para um bate-papo sobre representatividade, carreira e liderança em celebração ao Dia da Consciência Negra.
Elas são grandes líderes da Oracle e carregam consigo histórias de obstáculos, mas também de muitas superações e conquistas.
Carla é Vice-Presidente de Pré-Vendas e Arquitetura de Soluções e chegou à Oracle recentemente. Ela tem uma vasta experiência na área e acredita na diversidade como uma das essências para inovar e na tecnologia como forma de inclusão.
Já Kuntuala, Diretora de Vendas, trabalha na Oracle há nove anos. Ao longo dessa jornada, tem inspirado muitas mulheres a ocupar espaços e a desenvolver uma carreira de alta performance.
Vamos conferir como foi essa conversa?
Carla:
Primeiro de tudo, o que significa Kuntuala?
Kuntuala:
Significa O Futuro. Um nome que explica muito do que sou hoje e, por ironia do destino, está relacionado à área em que trabalho.
Carla:
Quem é Kuntuala?
Diretora de Vendas
Kuntuala:
Eu sou fruto das pessoas que estão ao meu redor. Filha do Carlos e da Lúcia, que têm nomes normais (risos), dois comerciantes que fizeram faculdade após os 50 anos. Irmã da jornalista e escritora Semayat (que significa luz do conhecimento), mãe da Zuri (que significa beleza divina), uma princesa de oito meses, e esposa do engenheiro Bruno.
Também apaixonada por ler e estudar, por influência da irmã, que começou a escrever contos muito nova.
Carla:
Por falar em leitura, você acredita que isso seja um fator importante para a vida profissional? Eu tenho conversado com muitas pessoas com carreiras brilhantes, como a sua, e todas elas têm em comum a paixão pela leitura.
Kuntuala:
Sim, acredito. A leitura, inclusive, faz parte da minha vida há muito tempo. Como meus pais não tiveram muito acesso à educação, eles se desenvolveram por meio da leitura, e isso também me influenciou.
Ler nos traz autoconhecimento e uma maior capacidade cognitiva. Eu, por exemplo, adoro livros de autoajuda, pois são importantes para a minha carreira. Afinal, você precisa conhecer sobre pessoas para vender para pessoas.
Carla:
Agora, quero saber sobre sua história com a tecnologia. Como começou? E por que escolheu trabalhar na Oracle?
Kuntuala:
Antes de trabalhar na Oracle, tive algumas experiências enriquecedoras. A primeira delas foi logo na adolescência, quando meus pais tinham uma confecção e eu comecei a trabalhar com vendas, ao lado deles. Depois, trabalhei para consultorias, vendendo serviços de RH.
De forma inesperada, uma empresa me procurou para trabalhar com venda de softwares de RH, numa época em que eu não sabia quase nada de tecnologia. Conhecia muito do negócio, mas não de tecnologia em si.
Por isso, digo que que a tecnologia simplesmente aconteceu na minha vida. Graças a essas experiências, uma amiga acabou me indicando para participar de um processo seletivo para uma vaga aqui na Oracle. Me apaixonei pela empresa logo de cara, e estou aqui há nove anos.
Carla:
Sendo você uma mulher negra, líder, na área de tecnologia, trabalhando numa empresa do tamanho da Oracle, o quão importante considera a representatividade negra na tecnologia?
Kuntuala:
Extremamente importante, além de ser uma grande responsabilidade, pois temos pouca representatividade.
Infelizmente, não há muitas pessoas negras e líderes na tecnologia, e menos ainda mulheres negras. Por isso, sei do meu papel para viabilizar a jornada para essas pessoas. Quando a gente se vê, consegue se inspirar e visualizar possibilidades reais. Isso faz a diferença.
Carla:
E qual a importância do Dia da Consciência Negra para você?
Kuntuala:
Um dia superimportante para ser lembrado e discutido, e não só para quem vive isso na pele como nós, todos os dias. É fundamental, como sociedade, para tomar consciência sobre nossas atitudes, entender nosso papel e nos comprometer com a mudança por um futuro melhor.
VP de Pré-Vendas e
Arquitetura de Soluções
Carla:
Para mim, o Dia da Consciência Negra começou a fazer mais sentido quando participei de um evento numa grande empresa que trabalhei, em 2018. Nesse dia, ouvi pessoas que me marcaram e me fizeram entrar ativamente na discussão que, à época, não existia.
As empresas também ajudam a promover discussões como essa de forma organizada e aberta. E isso é relevante. Por isso, como recém-chegada, gostaria de saber: como você e a Oracle encorajam as pessoas negras a serem elas mesmas no ambiente de trabalho?
Kuntuala:
Em se tratando de pessoas negras, eu não vejo outro caminho a não ser promover um ambiente verdadeiramente confortável e seguro para elas serem quem são. Como líder, você tem que fazer valer o respeito.
A pessoa vai se sentir confortável quando não há hostilidade e há valorização. Quando os profissionais são valorizados pela capacidade individual, naturalmente vão desempenhar um excelente trabalho.
Eu acredito também que é fundamental discutir temas como saúde mental, diversidade racial e de gênero. Quando a liderança dá luz a esses temas, gera segurança. Falar sobre diversidade e promover um ambiente que seja realmente inclusivo encoraja pessoas.
Carla:
Quando a pessoa não tem medo de se posicionar sendo quem ela é, também não vai ter medo de se posicionar nos assuntos de trabalho.
E na Oracle temos avançado nesse sentido, correto? Graças aos Comitês de Diversidade e Inclusão (ERGs) como OWL (Oracle Women’s Leadership) e ABLE (Alliance of Black Leaders for Excellence), além de outras iniciativas como Women in Business e o Programa de Desenvolvimento de Talentos Negros. Como você acha que isso tem ajudado as mulheres negras a se desenvolverem?
Kuntuala:
Esses programas têm sido fundamentais para a construção da autoestima das mulheres negras. Quanto mais apoio e ferramentas de conhecimento elas recebem, mais desenvolvem sua confiança pessoal e profissional e a base de conhecimento, o que impacta positivamente em suas carreiras. Nenhum desenvolvimento é possível se a pessoa não se sentir preparada.
E vou me colocar como exemplo, pois trilhei um caminho na Oracle. Entrei aqui como Inside Sales, e passei por outros cargos até chegar à liderança. E como isso aconteceu? Meus líderes acreditaram e investiram em mim.
Carla:
Você falou muito sobre a importância de ter alguém que acredita na gente. E na minha carreira tive pessoas que confiaram muito em mim e me pegaram pela mão, talvez em momentos que eu mesma nem acreditasse.
São pessoas de referência para mim, e 100% delas são brancas. Isso mostra o valor de termos aliados. Nesse contexto, qual a importância das pessoas não negras na jornada profissional? Como elas podem ser aliadas?
Kuntuala:
Eu também só tive líderes brancos, sejam homens ou mulheres. E essas pessoas foram essenciais na minha vida profissional. O papel dos aliados é fundamental para impulsionar profissionais negros, para que possam ir além do que acreditam, se reconhecendo como capazes de almejar cargos de liderança.
Carla:
Qual mensagem você gostaria de deixar para os profissionais negros nesta data?
Kuntuala:
Muitas vezes, nosso cérebro está na zona de conforto, viciado em fazer as mesmas coisas. Por isso, eu sempre digo que, para alcançar a alta performance, é necessário hackear o cérebro.
Hackear o cérebro para não cair em armadilhas de autoestima, se reconhecer como uma pessoa inteligente, batalhadora e apta a ocupar todos os espaços que deseja. Sonhe grande e saiba que você é capaz!
Carla:
Super obrigada, Kun, por esse nosso papo incrível e inspirador! Mal posso esperar pelo próximo!
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