A inteligência artificial (IA) deixou de ser um diferencial técnico para se tornar uma competência essencial de liderança. No atual cenário competitivo, em que empresas operam em redes dinâmicas de dados, pessoas e tecnologia, a questão para os executivos não é mais se adotar IA, mas como transformá-la em estratégia competitiva sustentável.
Estudos do MIT Sloan Management Review em parceria com a Boston Consulting Group mostram que apenas 20% das organizações conseguem capturar valor real com IA. A diferença não está no volume de investimentos, mas na capacidade de articulação da liderança: alinhar estratégia orientada por IA, arquitetura de dados robusta e cultura organizacional preparada para inovação contínua.
Foi a partir dessa convicção que a Oracle, em parceria com a CNEX e o MIT Sloan Management Review Brasil, estruturou o programa AI-Driven Strategies for Executives. Uma jornada inédita que combinou aulas online com professores do MIT e uma imersão presencial em Boston, conectando os principais executivos de tecnologia da América Latina a conceitos, práticas e tendências de fronteira.
O Programa: da teoria à prática
A trilha começou em junho, com cinco módulos online que abordaram:
- Plataformas de LLMs e o futuro da IA – panorama estratégico de grandes modelos de linguagem e aplicações emergentes.
- Decisão com IA – integração entre intuição, dados e algoritmos para decisões mais ágeis e informadas.
- Fundamentos de implementação – governança, compliance, arquitetura de dados e ROI como fatores críticos de sucesso.
- Liderança e cultura na era da IA – responsabilidade ética, impactos no trabalho e readiness organizacional.
- Visão de futuro – construção de uma future-ready mindset, antecipando riscos geopolíticos, transformações regulatórias e novas possibilidades competitivas.
Na sequência, em agosto, os participantes vivenciaram três dias de imersão em Boston. O roteiro incluiu aulas no MIT, visitas a empresas de ponta como a Symbotic (referência em robótica e automação), sessões exclusivas com especialistas e discussões aprofundadas com professores como Roberto Rigobon e Alessandro Bonatti.
Liderança adaptativa: IA como desafio além do técnico
Na Harvard Kennedy School, o conceito de Adaptive Leadership, criado por Ronald Heifetz, ganhou novo significado quando aplicado à IA. A distinção entre problemas técnicos (que possuem solução conhecida) e desafios adaptativos (que exigem mudança de valores, lealdades e comportamentos) mostrou-se crucial.
A adoção de IA é, em grande medida, um desafio adaptativo: não basta implementar ferramentas. É preciso mobilizar pessoas em meio a incerteza e resistências, criar “holding environments” para administrar tensões e fazer com que a transformação seja compartilhada.
Estratégia em IA: criação, captura e entrega de valor
O professor Alessandro Bonatti reforçou que toda estratégia bem-sucedida se sustenta em três pilares: criação de valor, captura de valor e entrega de valor. No caso da IA, esses elementos se traduzem em questões críticas:
- A tecnologia permite fazer algo diferente ou melhor, ampliando a disposição do cliente a pagar?
- Há ativos complementares exclusivos que tornam o modelo defensável?
- A adoção de IA melhora a capacidade da empresa em entregar valor de forma escalável e sustentável?
Casos como a competição entre Netflix e Hulu mostraram que, quando todas as empresas adotam IA sem diferenciação, os ganhos desaparecem em uma corrida de margens comprimidas. O antídoto é fugir da lógica do FOMO (Fear of Missing Out) e adotar IA apenas onde há potencial de vantagem competitiva real.
IA com propósito: macroeconomia e capacidades humanas
Em sua sessão, o professor Roberto Rigobon destacou que, em mercados emergentes, a IA não pode ser pensada apenas como produtividade ou eficiência. Ela deve ser desenhada com propósito — considerando choques estruturais como demografia, restrições ambientais e fechamento do comércio global.
Rigobon propôs o framework EPOCH, um conjunto de competências humanas que a IA não substitui e que serão decisivas para o futuro da liderança:
- Empatia e inteligência emocional
- Presença e rede de contatos
- Openness (ética, julgamento e abertura)
- Criatividade e imaginação
- Hope (visão de futuro mobilizadora)
Esse olhar reforça que o diferencial competitivo não está na substituição de pessoas pela máquina, mas na complementaridade entre algoritmos e capacidades humanas. Dados recentes publicados pelo MIT SMR Brasil indicam que companhias que combinam inteligência artificial com competências humanas — como criatividade, empatia e julgamento ético — têm 2,5 vezes mais probabilidade de inovar em modelos de negócio e sustentar vantagem competitiva no longo prazo.
Quantum Computing: a próxima fronteira
O programa também apontou para o horizonte das próximas décadas. Em sessão conduzida no MIT CSAIL, os executivos exploraram como a convergência entre IA e quantum computing poderá redefinir limites de processamento, desbloquear novos modelos de negócio e transformar radicalmente a dinâmica competitiva.
Para os líderes de tecnologia, significa estar preparados para um salto em que a capacidade de computação deixa de ser um limitador e abre espaço para novas aplicações hoje inimagináveis.
Conclusão: a liderança que conecta estratégia e futuro
O programa AI-Driven Strategies for Executives mostrou que liderar na era da IA não é dominar códigos ou algoritmos, mas conectar estratégia, tecnologia e capacidades humanas em ecossistemas inteligentes.
Para os C-Levels da América Latina que participaram dessa jornada, o aprendizado é claro:
- IA é estratégia de negócios, não apenas tecnologia.
- O papel da liderança é adaptativo, mobilizando pessoas em meio a mudanças.
- O futuro exige complementaridade, combinando IA com as competências humanas do EPOCH.
- A próxima fronteira já está à vista, com quantum computing ampliando as possibilidades de disrupção.
Mais do que um programa de educação executiva, essa jornada conjunta de Oracle, CNEX e MIT foi um laboratório vivo de liderança e inovação — preparando os principais executivos da região para transformar a inteligência artificial em vantagem competitiva sustentável.
Oracle & MIT Sloan Management Review Brasil